O tema desta postagem tem haver com vampiros, mas também poderia se estender para vários temas.
Gostaria muito que a resposta para a pergunta-título desta postagem fosse curta e simples "Não", porém a realidade é outra.
Como venho relatando a vocês nas últimas postagens, participei da Feira do livro que ocorreu aqui na cidade que moro, Poços de Caldas/ MG. Não foi a primeira participação minha na feira, porém com o livro de minha autoria "VINGANÇAS DE SANGUE", sim foi a primeira.
Achei muito gratificante quando recebi o convite para participar novamente da feira, ainda mais depois de expor o tema do meu livro, gerando um interesse ainda maior pela organização, inclusive criando na lista de apresentações da feira um bate papo sobre o assunto "Vampiros", no qual participaria eu (Kampos), mais dois autores e um tradutor.
No primeiro dia de feira fui procurar o local no qual eu poderia ficar apresentando meus livros e comercializando (Estava com o livro VINGANÇAS DE SANGUE e com edições da coletânea de tiras em quadrinhos que participei TIRAS DE LETRA).
O espaço que ficaria era designado para "Escritores independentes". Apesar da distância que o estande estava do resto do circuito (No qual ficavam editoras e livrarias), eu e os outros autores independentes presentes no estande estavamos animados para chamar a atenção do público para chegarem até os nossos trabalhos.
O interessante é que havia trabalhos bem diferenciados, assim como autores de idades diversas.
Entre as literaturas presentes no estande naquele primeiro dia, estavam: O meu (ficção de vampiros), memórias, biografias, poemas e poesias, romances e livro psicografado (Livro no qual o texto é ditado por uma entidade (espírito) para um médium que é utilizado como o instrumento para passar as palavras para o papel e propagá-las).
Nem todos os autores estavam presentes, mas buscavamos apresentar para o público que visitava o estante os trabalhos de todos.
Mais para a noite, chegou ao estande um casal, o qual a mulher era a autora e estava acompanhada do marido. Ela, autora do livro psicografado.
Tudo transcorria bem. De repente o senhor, marido da autora, chegou perto de mim e pediu para eu responder algo a ele, é lógico que aceitei responder.
Ele me perguntou se eu acreditava em vampiros. Respondi que tinha grande fascínio por tais personagens e adorava trabalhá-los na ficção. O cidadão então falou: "E se eu disser que existem vampiros?". Eu disse que tudo bem, afinal, eu já ouvi tantos pontos de vista sobre o assunto, estou sempre aberto a ouvir mais algum.
Quando imaginei que ele começaria a pontuar fatos do porque acreditar na existência de tais criaturas, ele levou a conversa para outro rumo, nesse ponto percebi o que acontecia ali.
Ele disse que sua esposa tinha o dom de psicografar e ele tinha o dom de "sentir". Relatou que quando encostou a mão em meu livro VINGANÇAS DE SANGUE sentiu uma vibração muito negativa, algo ruim. E começou a pregar que o escritor deve usar seu dom para o bem, que esse tipo de material leva o negativismo para as pessoas, levando as mesmas para o lado do mal.
Argumentei que se tratava de uma ficção, algo para o entretenimento do público.
Nesse ponto já não aguentava mais escutar algo tão absurdo. Estava eu e minha namorada ouvindo, eu sendo educado, logo apareceu a mulher do cidadão que começou a falar do título do livro que tinha algo mal também já que trazia as palavras VINGANÇAS E SANGUE. Outro autor escutava a conversa, achando um absurdo alguém julgar o livro por ter apenas encostado nele, e nem ao menos lido um capítulo.
Com muita educação defendi o lado da ficção do trabalho, expliquei que temos o dom da imaginação para podermos escapar um pouco dos nossos problemas do dia-a-dia, e que respeitava a sua opinião, porém, o cidadão era o tipo de pessoa que não aceita a opinião de outros. Quando falei para ele "E se eu disser que não acredito em psicografia?", (Falei isso como forma de descobrir como ele reagiria quando a situação fosse ao contrário. Sinceramente, eu ainda não possuo uma opinião formada, e nem conhecimentos suficientes, para dizer se acredito ou não na literatura psicografada), ele fechou o semblante, ou seja, o que ele acreditava e pregava era como uma verdade absoluta, não aberto a ouvir o que outros pensavam, ainda mais quando não batiam com seus ideiais.
Na feira havia um ator, o Clistenis, que passeava a noite pela feira vestido de Conde Drácula, para promover o bate papo sobre vampiros que ocorreria dois dias após. Quando o ator chegou em nosso estande, o cidadão que tem o poder de "sentir", ficou extremamente incomodado, sentando em um canto, com semblante mais fechado ainda, e saindo de lá só na hora de ir embora.
Moral da história: No dia seguinte o casal não apareceu mais na feira.
Na segunda-feira (Terceiro dia da feira), no bate papo sobre vampiros, um dos autores, de livro envolvendo vampiros, começou a bater na tecla de que essa literatura vampiresca é algo que deve-se ter cuidado, porque ele mesmo teve uma experiência pessoal com satanismo e por isso escreveu o livro. Lá fui eu ter que defender a ideia frente ao público de que livros de vampiros, como VINGANÇAS DE SANGUE, CREPÚSCULO, MARCADA... devem ser tratados como um entretenimento, uma ficção. Citei inclusive o que ocorreu no sábado no estande.
O autor, que tenho muito respeito por ele, mas acho que não foi feliz nos comentários frente a um público de crianças, adolescentes e pais, só esqueceu de citar que a experiência dele na verdade nada teve haver com vampiros, foi em meio um grupo de satanismo, e que o livro, no qual há o personagem Drácula, só teve a figura acrescida para criar um apelo maior a estória.
É lógico que esse papo todo de satanismo assustou os pais, sendo que a intenção era de ocorrer um bate papo descontraído sobre a moda dos vampiros nas diversas mídias.
Se já não bastasse essas ocorrências, no meio da semana mudei de lugar para divulgar mais meu livro na parte interna da feira. Estava eu e outro autor poços-caldense, o Paulo, (Autor do livro "Acaba não mundão!"), quando chegou um pessoal, uma família pelo que parecia, e juntou a mesa ao lado do autor Paulo. Até ai tudo bem. De repente, começaram a retirar os livros de dentro de caixas e eu e Paulo vimos o título, algo como: "Como viver em Cristo" (Não lembro o título exato). Na hora percebi que poderia ocorrer problemas, não por minha parte, pois não tenho nada contra, mas pelo que já tinha ocorrido na feira em dias anteriores, como relatado acima. Porém, quando a garota olhou o título do meu livro, na mesma hora correu até a mãe e a avó que arrumavam os livros, contando sobre o meu VINGANÇAS DE SANGUE. No mesmo momento, puxaram as mesas, afastando mais da minha, e se não me engano, a garota parece ter ido até a secretaria para pedir outro lugar, algo que não foi possível.
Depois de contar todas as histórias para vocês, e de ter sido protagonista, percebi o seguinte: A resposta para a pergunta-título desta postagem é, infelizmente, "SIM, há preconceito no mundo literário".
Talvez o que mais me surprendeu não foi o preconceito originado por parte do público, que é normal, afinal, estava eu em uma feira do livro, no qual públicos variados passavam, e nem todos eram obrigados a gostar do tipo de literatura que escrevo, mas sim, o que me entristeceu foi saber que o preconceito vem de autores e pessoas ligadas a literatura. Oras, isso é ridículo! Como um autor pode ter preconceito com algum tipo de obra?! Imaginava eu, na minha imensa ingenuidade, que autores tinham mente aberta, que isso era o principal ingrediente para deixar a as ideias viajarem e criarem mundos novos para tornar nossa vida menos monotónas.
Deixo claro que da parte da organização não houve nenhum preconceito, nem mesmo pelo tema do meu livro, pelo contrário, foram muito simpáticos comigo.
Digo que a feira foi um grande aprendizado para mim, no qual, mostrou-me que o mundo literário que tanto almejo fazer cada vez mais parte não é perfeito, e possui os mesmos erros que vemos no dia-a-dia em qualquer situação.
As principais pessoas que julgaram meu livro sequer pararam para ler a sinopse ou o primeiro capítulo. Julgaram por já ter algo em mente estabelecido sobre o tipo de material. E olha que literatura vampírica está aparecendo de montes neste momento em que está na moda. Imagina então se não estivesse em evidência?!
Mas garanto uma coisa, o preconceito que sofri nesses dias só me deixaram mais inspirados a escrever literatura vampírica, porque por mais ridículas as críticas, seja em palavras ou gestos, recebidas de pessoas de mentes fechadas não chegavam aos pés do que eu sentia quando alguém de longe via meu livro e corria para ler sua sinopse e relatar o quanto curtiam livros de vampiros. Com certeza o gosto de receber um e-mail de alguém que comprou o livro e levou apenas um dia para ler, dizendo o quanto adorou é muito mais emocionante e motivador.
Deixo claro que sou um autor, não tenho intenção de recrutar ninguém para o mal e nem sou o próprio demônio, apenas, como autor, permito viajar pela imaginação, por mundos inexistentes e flertar com personagens fictícios.
Sinto por aqueles que não conseguem perceber o prazer de fazer isso.
Mas sempre devemos procurar lados bons em tudo. De certo modo, me senti honrado por tais situações, afinal que grandes autores em nossa história não sofreram preconceitos pelo que escreviam, não é?! Pelo menos nisso já posso me comparar a eles!! Hehe.
Leiam o que gostam! Leiam por prazer! Não importa se são livros envolvendo vampiros, poesias, religiosos ou psicografados. Não criem conceitos antes mesmo de saber do que se trata. O mundo passa por tantos problemas por causa de pessoas que adotam ideias sem nem mesmo darem a chance de conhecer sobre o que falam.
LER, antes de mais nada, É DESCOBERTA. Não deixem que transformem a literatura também em algo ruim.
Gostaria de saber as opiniões de vocês, fiquem a vontade para relatá-las ao final desta postagem.
Valeu pelas visitas aos meus blogs e fotolog, espero que estejam curtindo as postagens, e aguardo comentários, ok?! ;)....
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